O sentimento de solidão surge poeticamente muito cedo na obra de Jacinta Passos. O poema abaixo, escrito em 1936, que viria a integrar o primeiro livro da autora, publicado em 1942, é um dos que expressam esse sentimento de solidão absoluta — que, em outros poemas, assume a assumir a forma de um sentimento de exílio:
Solidão
Há em torno de mim muralhas glaciais.
Vivo encerrada dentro de mim mesma,
debruçada
sobre estas profundezas abissais
do meu ser,
sobre esta solidão interior
de um mundo fechado,
áspera solidão inacessível
onde existe
um silêncio gelado,
amargo,
vazio.
(De "Momentos de poesia")
* Imagem: Jacinta Passos jovem, criação e montagem de Alice Puente.
2 comentários:
Poema pungente e lindíssimo. A forma constrói-se como espelho do conteúdo, de forma abissal.
Jana, emocionante deve ser poder ler sua mãe. O poema é intimista e profundo, lindo! Beijus,
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